Terça-feira não é dia de ter vida social
Por que será que tendo tempo suficiente para trabalhar com calma, me entrego à enrolação e acabo sempre correndo de última hora?
devagar e sempre. mudanças são móveis pesados arrastados no andar superior. por isso, cuidado.
Por que será que tendo tempo suficiente para trabalhar com calma, me entrego à enrolação e acabo sempre correndo de última hora?
Dia desses, uma amiga contou a hilariante saga de seu irmão caçula para perder a virgindade, que acabou interrompida com a chegada da família. Ela concluiu: "Ju, parecia uma das suas histórias". Outra comentou que qualquer história tem uma sucessão coerente de fatos, mas se é comigo, tudo que é inusitado e esquisito pode acontecer.
Com muita enrolação, desecontros e desculpas esfarrapadas, fui levada a acreditar que a doadora desistiu de me entregar a gatinha. Em nenhum momento ela admitiu isso. Do mesmo jeito que eu não admiti que talvez não esteja preparada nem podendo de fato investir nesse afeto. Falo até de grana mesmo.
Agora que meu levei um bolo de meu amigo, que preferiu sair para conhecer alguém à procura de sexo e doses homeopáticas de amor, tenho um ingresso sobrando para o teatro e outro para um show. Certo ele. Otária sou eu, que não estou fazendo a mesma coisa.
A partir de amanhã, compartilho meu espaço com outro ser vivo. Chegará a gata, inicialmente preta, que imagino estará rajada até a idade adulta. Ainda pairam indefinições sobre seu nome, uma vez que preciso olhá-la com calma na cara para descobrir o que suas feições felinas me dizem. Batizar uma criatura é uma ciência melindrosa. Necessita olho atento e alma sensível. Quando chegamos cheios de conceitos e prosa, nem sempre o nome casa com o gênio e a corporalidade do ser. Tenho uma planta chamada Aurora, mas faz tempo que não a chamo assim.
Então que assisti A Pele, com Nicole Kidman e Robert Downey Jr. O filme é fodão e sensível, mas impossível não fazer piada com ele. É um crossover de As Horas e Starwars. Senhoras e senhores, a australiana mais bem paga de Hollywood mantém um caso extra-conjugal com um Wookie. Difícil não rir disso.
São cinco para as seis da manhã e acabo de chegar da Nave. De ônibus. Cara, estou me virando cada vez melhor sozinha. O que é ótimo. E o que é péssimo, porque as pessoas vão deixando de se preocupar como é que volto para casa. Gosto quando tomam conta de mim, não porque preciso, mas quando assim desejam. Parece que cada vez mais eu preciso de menos atenção. Sempre não exatamente acompanhada, no frigir dos ovos sozinha. Atenção: procura-se um sugar daddy.
Ontem acordei e dei de cara com uma aranha marrom de quase dez centímetros na parede perto do banheiro. Peguei uma vassoura, porque vi que o meu amor aos aracnídeos parece ter ido longe demais. Mal passava das sete da manhã e meus reflexos não respondiam. Foi ridículo, mas eu venci.
Já à venda nos coletivos da cidade.
Como dizia minha vózinha, meu organismo é um alfenim. Os antigos, aliás, tinham expressões ótimas, que criam imagens maravilhosas, como "virou arcanfor", que significa evaporou, desapareceu.
Tropeçando anônima pela manhã, estranhos queriam me ajudar a chegar em casa, como se eu não soubesse o caminho. Eu estava evidentemente em outra dimensão.
Você pode imaginar que tipo de empresa contrata um motorista meio brôco, desorientado e que não conhece bem a cidade para fazer transfer durante o Carnaval para um grupo de pessoas que mora em lugares distantes entre si? Pois é, fizeram isso com a nossa equipe.
A intenção era fazer um diário de bordo completo, mas tem dias que realmente não estou boa para cumprir promessas. Sendo Carnaval, então... Além do mais, estava trabalhando de verdade, dormindo pouco, essas coisas. O terceiro dia de trabalho foi esquisitão e o quarto uma pauleira sem tamanho. O quarto dia, aliás, me graduou em jornalismo pela segunda vez, quando me vi pegando Niz@n_Gu@naes pelo braço e dizendo "eu preciso falar com a Naomi". Sério. Depois repeti o gesto com outro cara - era o diretor de mkt do Br@d_sco.
Estou aqui direto do terceiro dia, mas falando do anterior. Cansaço acumulado. É foda passar a noite rodando para baixo e para cima (literalmente, já que o camarote tem 3 andares, fora a sala de imprensa que é num sub-solinho) num calor da porra. Sorte que agora climatizaram os banheiros e dá um alívio quando é preciso aliviar a bexiga. Ontem encheu para caráleo, mas deu pouco vip. Parece que a festa de Iemanjá (2 de fevereiro), no Rio Vermelho, dividiu o público.
Já trabalhou no Carnaval de Salvador, nêga? Se pensou em "loucura", é esse o espírito mesmo. Haja pique, disposição, jogo de cintura, paciência e etc. Mas vamos lá. Este é meu primeiro ano trabalhando na cobertura de um camarote. Pense num lugar apinhado de celebridades e outras gentes importantes de fato. É como abrir a revista Caras e pular para dentro dela. Ao meu lado, trocentos jornalistas e fotógrafos de tudo que é veículo importante desse país. Ao contrário do que diz o estereótipo do baiano, aqui trabalha-se. E muito.