quarta-feira, fevereiro 13, 2008

All I need is Love

Para os meus amores passados e os ainda possíveis

Tá bom, eu assumo: eu sou uma idiota que gosta de histórias de amor. Praticamente todos os dvds que tenho em casa contam histórias de amor. Moulin Rouge, Romeo + Julieta, Cyrano de Bergerac, Amélie Poulain, Vida Bandida e até Clube da Luta. Elas mexem com minhas fantasias e, quando bem contadas, têm a capacidade de tirar meus pés do chão, cabeça entre as nuvens. Não é qualquer história de amor que me convence, é claro. O estilo conta muito, que também não vou me entregar a qualquer lero-lero.

Acabo de ver Across the Universe, um filme pra lá de fofinho, que conta - com palavras e acordes dos Beatles - o encontro entre um delicioso inglesinho e uma americana na década de 60. Quando entrei no cinema, a predisposição já era das melhores, mas não foram necessários nem dez minutos de filme para eu já colocá-lo na categoria dos meus prediletos. E asseguro que a cena inicial (abaixo) focada no doce Jude, interpretado por Jim Sturgess, nem tem tanto a ver com isso.


É como se o filme passasse por diversos gêneros ao longo da narrativa, mas sem perder a linha. É um musical, tem momentos de comédia e de drama, toques de video-arte, é uma crônica dos Estados Unidos naquele período e o texto colocado na boca dos personagens tem momentos de excelentes tiradas. Tudo isso mergulhado num denso caldo de referências aos Beatles, que além das músicas propriamente cantadas, aparecem nos nomes dos personagens, situações, falas não-musicadas, etc.

De brinde, os cantores Joe Cocker e Bono Vox (deve ter mais alguém, mas não reconheci) dão uma palhinha em participações especialíssimas. Aliás, grata surpresa! É divertidíssimo ver Bono no papel de um tresloucado e vaidoso escritor psicodélico que conduz a trupe de personagens numa verdadeira "viagem", num ônibus particular que faria inveja à turma do Scooby-Doo.

As interpretações das músicas e o contexto criado para cada uma delas também é muito interessante. Dá vontade de fazer uma engenharia reversa, imaginar os roteiristas encaixando as letras ou bolando sequências para elas. Dana Fuchs -no papel de Sadie, uma cantora que faz a linha Janis Joplin, só que mais feliz e menos (beeeeeeem menos) junkie -quebra tudo com um vozeirão e uma performance que saem diretamente do útero para suas caixas auditivas. As outras vozes também dão toques muito especiais - não sei se são dos próprios atores ou dubladas, mas a candura de Jude é de deixar qualquer um caidinho de amores. Fora o fato de ser um pé-rapado imigrante ilegal, é o genro que toda mãe pediu a deus. Qualquer uma (ou um) daria um green card pro moço fácil, fácil. Eu dava.

Porém, há poréns. Alguns efeitos usados no filme deixam uma clara sensação de que a grana da produção estava curta e o pessoal não soube deixar a pretensão de lado. Há falhas evidentes e primárias - gente errando coreografia, suporte aparecendo numa cena em que as dançarinas deveriam parecer flutuar na água - entre outros que são de gosto duvidoso. Pega bem em algumas cenas em que o efeito parece ser propositalmente artesanal, remetendo a uma idéia meio retrô, mas nem sempre funciona.

Mas nem isso, nem o som cheio de chiado da sala de cinema onde eu fui, estragaram a beleza do filme e o panapaná que deu no meio do meu peito com aqueles borbotões de preciosidades pop. Tive uma grande vontade de ter alguém com quem dividir aquelas visões. Queria estar apaixonada. Ter uma mão para segurar no pouso e na decolagem, num pequeno faz-de-conta que eu me apavoro com essas coisas. Gostaria que ele (quem?) tivesse me convidado para assistir a este filme. Que depois voltássemos para casa nos bolinando entre sorrisos no banco de trás de um táxi. E que a noite terminasse ao som de Across the universe.

2 Comments:

At 5:17 PM, Anonymous Anônimo said...

hey,ju.
vi o filme aqui em roma..looogico que fiz questao de ir ver em um dos poucos cinemas que exibem filmes nao-dublados em italiano! achei fofinho..e chatinho! arrastado, p ser preciso. roteiro bastante esburacado. mas a cena da japinha-indonesia-oriental cheerleadre cantando "I wanna hold your hand" achei memoravel..

 
At 5:39 PM, Blogger Bela said...

Ele está lá fora neste exato momento. Deixe sua porta aberta. Ele vai saber chegar até você. Se for ele mesmo, ele vai saber....

 

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