domingo, julho 22, 2007

Aquecimento global e emissões de carbono

Enquanto a vida na Terra eram só bichinhos e plantas respirando, arrotando e peidando, o planeta até dava conta. Aí veio o homem e começou a tocar o terror, queimando a porra toda por aí. Hoje tem carbono pra caralho no céu e quase nenhuma árvore na terra. Ajude a combater o aquecimento global. Transforme poluição no tronco de um jequitibá!

Cara, eu realmente estou enlouquecendo com essa série de matérias especiais sobre econegócios. Estou completamente dividida: não sei se eu caso com um madeireiro ou compro uma bicicleta. Mas é bom, é bom. Daqui a pouco estarei negociando créditos de carbono.

Já tem umas coisas online aqui e em breve haverá mais. Agora mesmo, estou explicando porque o Brasil é o país do futuro.

Cruzem os dedos.

sexta-feira, julho 20, 2007

Recebi a visita de uma borboleta

Que estranho e que bonito é receber uma visita inesperada, logo assim de manhã. Quem me alertou para a borboleta no chão da minha sala foi uma colega de trabalho. Olhe, você já viu? Que ela traga muita sorte para você. Estava próxima à minha cadeira, às minhas costas. Não faço idéia de como ela entrou - minha sala não é exatamente o que se poderia chamar de ventilada, aberta ou arejada. Sei que estava entre parada e caída ao meu lado, emaranhada em uns fiapos de pó e poeira, batendo as asas para pedir ajuda. Perdoe-me, pequena, não escutei.

Era uma dessas que gosto muito. Simples e típica das nossas matas baianas. Pequenina, com asas acinzentadas e pontinhos imitando olhos de coruja, em miniatura. Este é o único inseto que me faz sorrir quando borboleteia por perto, em seu caminho delicado e flutuante.

Tomei-a pelas asas, entre o polegar e o indicador, com toda leveza que me era possível. Tentei livrar as patinhas da sujeira, que mesmo sendo tão pouca, tornava a bichinha prisioneira. Um grilhão feito de teia de aranha e fuligem dos carros. Soprei, para ver se ajudava, então fui carregando para um jardim de inverno que temos por aqui. Abri a janela e depositei a minha visitante sobre uma folha ensolarada. Ela voou, mas tentou retornar de encontro ao vidro.

Não entendi, mas isso deve ter algum significado. O tempo todo tenho a sensação de que os deuses tentam se comunicar comigo, mas sou meio tonta. Dessa vez, pelo menos imagino que são bons algúrios.

sexta-feira, julho 13, 2007

Therezinha das Calças

13 peças até chegar à perfeição. Confesso que tenho orgulho da minha obstinação e paciência... para fazer compras. Preço, acabamento, qualidade. Cada item analisado à exaustão. Essa é uma das razões pelas quais gosto de comprar em lojas de departamentos - odeio vendedor na minha cola querendo me empurrar qualquer porcaria que entra, independente de ficar bem ou parecendo um saco de côco.

Andava necessitada de uma nova calça jeans. Tenho duas e a caçula devo ter comprado faz mais de quatro anos. Então a nova escolha precisava ser cuidadosa. Já tinha feito uma investida antes, com tempo apertado e concorrido em meio horário de almoço. Não poderia dar certo, óbvio.

Lá fui eu novamente, visitar a minha amiga C&A e meu infalível cartão credi-pobre. Olho clínico é fundamental no garimpo, ainda mais quando se trata de calça-jeans, que agora a norma é 'cintura super baixa!!!' e um sem-número de apliques e bordados de gosto duvidoso. Há bem pouco tempo atrás, ambas as coisas, nas meninas da perifa, do funk, de longe da classe média, tudo isso era considerado vulgar. A moda dá voltas!

Mergulhei em minha missão índigo, mergulhada entre araras de novidades e promoções. Meu teto para esse investimento era R$ 80,00 (outra excelente razão para não me aventurar entre as grifes hypadas). Combinar meu gosto, a oferta e a disponibilidade de numeração não é exatamente uma tarefa árdua, mas exige mais neurônios do que mascar chicletes e caminhar ao mesmo tempo, por exemplo. E ainda há modelos cuja numeração nem alcança, justamente para nenhuma descompensada como eu ter a falta de cortesia de ousar se colocar diante de olhos alheios naquela roupa - era o caso de algumas minissaias, que de 36 morriam em 40.

(É verdade, eu não estava procurando por minissaia. O objetivo eram calças, mas eu não resisto. Levei duas para o vestiário.)

O quesito numeração é um caso todo especial. Posso vestir pelo menos 3 números diferentes a depender da modelagem. Há casos, inclusive, de nada funcionar. Por isso costumo medir no olhômetro e levar duas peças de cada modelo, pra tirar a teima, ali tète-a-tète com o espelho. É diante dele que aparece o momento mais delirante: as calças começam a falar comigo.

Quando entram em meu corpo, as roupas emitem alguma opinião. Só levo para casa aquelas que me chamam de gostosa ou de gatinha, princesa, fofa, delícia, linda, etc. Fico realmente puta com as que viram e me chamam de gorda. Meu peso não é exatamente o ideal, mas também não é por aí. As que fazem isso sorrateiramente são as piores - a peça cabe, mas fica evidenciando todo tipo de imperfeição, que nem o vestido de visco-lycra que provei na Americanas. E ainda era roxo, o desgraçado!

Entre as calças que experimentei ontem, ouvi coisas como "this is not for you" e houve duas até que me chamaram de lésbica. Caminhoneira, sabe? Mas as duas que disseram "gostosa", disseram de boca cheia. Cheíssima. Falaram sem pudor. Uma foi logo na primeira leva, a outra na segunda. De frente, de lado, de costas, elas repetiam incessantemente o elogio. E assobiaram, fizeram caras de aprovação, o diabo. Uma era vinte reais mais cara que a outra, mas o efeito era o mesmo. Levei a mais barata, justo a que tinha provado na primeira leva de 7 peças.

Observei alguns homens que esperavam suas damas do lado de fora do provador. E nenhuma delas levou tantas peças quanto eu, acho. Todos eles com um misto de tédio, impaciência e piedade, escorados nas araras entre saias e blusas de mulher. Tive pena dos dois. Deles, pela espera aparentemente irracional - somente os gays, mesmo assim, nem todos, têm a dimensão de como é importante escolher - delas, por não poderem fazer sua escolha com toda a liberdade que merecem.

Lembrei de que eu gosto quando há algum homem me esperando. Gosto de mostrar os resultados, pedir opinião, como se ele notasse a diferença entre as roupas. Um strip-tease ao avesso. Mas nenhum deles nunca se mostrou exatamente *estimulado* com essa prática.