sexta-feira, fevereiro 22, 2008

De orelhas, bigodes e rabo

A partir de amanhã, compartilho meu espaço com outro ser vivo. Chegará a gata, inicialmente preta, que imagino estará rajada até a idade adulta. Ainda pairam indefinições sobre seu nome, uma vez que preciso olhá-la com calma na cara para descobrir o que suas feições felinas me dizem. Batizar uma criatura é uma ciência melindrosa. Necessita olho atento e alma sensível. Quando chegamos cheios de conceitos e prosa, nem sempre o nome casa com o gênio e a corporalidade do ser. Tenho uma planta chamada Aurora, mas faz tempo que não a chamo assim.

Adotarei uma gata em parte por meu amor aos felinos, em parte pelo vazio que sinto em minha casa. Fico esperando que cheguem cartas por debaixo da porta para que haja algo diferente de quando saí de manhã. Com a gata será tudo diferente, em parte uma expectativa preocupada de saber se estará tudo inteiro e no lugar. Ou limpo. Se a gata continua viva. Se demonstrará afeto.

Estou bem atrasada com os preparativos para receber a bichana. Só dei conta de guardar a coleção de livros mais nova num lugar inalcancável por urina de gato. Mas ainda há muita coisa espalhada meio escondida pelo chão. Se quando você vai receber um móvel é necessário ter o espaço definido para ele, área limpa para encaixá-lo, quando chega uma novidade de carne e osso, então, a pré-produção é mais delicada ainda. É mais do que espaço que ela precisa. É uma antecipação dos cuidados com seus movimentos, seus humores e sua rotina.

Amanhã terei de acordar cedo para providenciar algumas coisas, como a caixinha de areia e a ração. Eu sou terrível porque sempre sei o que preciso fazer, mas é raro tomar a atitude no momento certo. Sou preguiçosa e sempre acabo dando mancadas no estilo Homer Simpson. Duh! Sou brasileira e não aprendo nunca.

Hoje, à medida que a hora passa e se aproxima do fato concreto de trazer uma gata para minha casa, inteiramente sob meus cuidados, começa a me bater um pavorzinho. Será que isso vai dar certo? Não sei mais se tomei a decisão certa ou não. Confesso que estou levando adiante porque a oportunidade se atirou na minha frente como uma suicida diante de um trem. Mas acho que a vida tem isso mesmo, um componente de enchente de arrastão. Não dá pra manter o controle do barco 100% do tempo e as puxadas da correnteza dão uma emoção gostosa.

Que seja bem-vinda a vida da qual irei tomar conta!
(isso é o mais perto de filho que pretendo chegar)

1 Comments:

At 6:00 PM, Blogger danilo said...

Oi Juliana, na condição de ex-hospedeiro de dois bichanos, também em ap no Red River, dou algumas sugestões e informações. O local mais barato para encontrar a areia sanitária e a bandeja, além de outros apetrechos, é no Extra da Vasco da Gama. Se vc tiver alguma plantinha em casa, pode se despedir dela. Os bichanos destróem tudo. Segundo um amigo meus, os gatos morrem de ciúme de tudo que seja vivo na casa. Fora isso, é a maior alegria do mundo chegar em casa e ter um bichinho para colocar no colo. Você vai notar que ao chegar na portaria do prédio, o gato ou a gata percebe a sua presença e começa a miar. É emocionante. Morro de saudade das minhas ex-crias. Boa sorte. Um beijo.

 

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