quinta-feira, janeiro 31, 2008

Pequenas Lições de Sobrevivência

(mais um post para lembrar o velho blog)

Quem anda muito de ônibus acaba desenvolvendo macetes, pequenas manhas que visam minimizar os efeitos desconfortáveis das viagens no coletivo. Aprender de que lado bate o sol a depender da direção para onde você vai, quais ônibus, pontos e horários costumam encher mais, coisas assim. Existem, contudo, conhecimentos sutis e peculiares a se desenvolver pelo caminho. Um desses é aprender a identificar gente que está enjoando. Esse, meus caros, é um dos mais valiosos de todos os saberes.

Aprendi a perceber isso em crianças, que fica mais evidente, mas os sintomas são semelhantes em adultos também. No caso dos pequenos, repare nos seguintes itens:

- Corpo mole (leseira);
- Tosse seca;
- Mãe resmungando (no adulto, a mãe pode ser substituída por "embriaguês").

Se você perceber pelo menos dois destes sintomas, é batata! O guri pode entornar a qualquer momento. Por isso, é bom afastar-se do ponto em que a jovem bomba de efeito moral se encontra - recue, mude de cadeira, antecipe-se para frente do ônibus ou, caso sua paranóia alcance graus absurdos, salte no próximo ponto. Não importa: proteja-se. Um jato quente de comida mal digerida nunca é bem-vindo.

Vale ressaltar que o fenômeno é mais comum em dias de sol, nas linhas que vão de bairros populares centrais em direção à orla (estou tomando Salvador como exemplo). Nessas ocasiões, famílias das classes populares saem de manhã para a praia, não sem antes entupir seus rebentos de comida para que fiquem menos tentados com as guloseimas à venda na areia. Criança de bucho cheio, o balanço da viagem e o calor insuportável que faz nestes dias são uma combinação explosiva para um mal-estar. É bom ficar ligado.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Abuso de poder

Este é um post para lembrar os velhos tempos do Cochilos Rodoviários:

Querido diário, hoje comprei o incenso de um hare krishna no ônibus só porque ele era gostoso e tatuado. Parece que homens bonitos podem conseguir o que quiserem de mim. O incenso é de alecrim.

E se estamos lembrando no velho blog, provavelmente vai ter alguém aqui pra dizer "ei, esse cara é meu primo".

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Dilema

O que fazer quando, depois que você passa o dia inteiro tossindo contra sua mão, um colega resolve apertá-la?



Estou resfriada. Toda vez que entro num ritmo mais intenso de trabalho e stress, é assim que meu corpo reage. Como nas últimas semanas tenho enfrentado dias de pressão, pouco sono, almoço no corre-corre e brutais alterações climáticas do sol para o ar-condicionado, foi assim que ele resolveu chamar minha atenção. Então há uns três dias começaram uns espirros e a tosse chata que me deixa maluca.

Ontem passei o dia inteiro tossindo. In-tei-ro. E usando a mão direita como barreira para evitar que a boiada de perdigotos contaminados atingisse outras pessoas e superficies. É aquela coisa, por mais limpinho que você seja, não dá pra ir lavar as mãos a cada crise de tosse. Se fosse assim, nesses dias ninguém sairia do banheiro. Talvez seja por isso que, ao menor sinal de influenza, os americanos mandam seus funcionários para casa, com receio de que todo o escritório seja influenciado também. Portanto, o mais natural é que você acabe tossindo e, se o estrago não e muito grande, você se livra da umidade com uma esfregadinha das mãos na roupa e a vida continua. A gente nem tem consciência, mas os vírus e as bactérias continuam ali.

Chega o final do dia. Extenuados depois de abater um dragão de duas cabeças, lá por volta das nove e meia da noite, um colega e eu temos a sensação de dever cumprido. Como a coleguice é bem recente, não vamos nos abraçar e rolar no chão para comemorar, então, num gesto fraterno, ele me estende a mão para selar o dever cumprido.

É muito rápido para tomar uma decisão. Você sabe que este aperto de mão será fatal, mas vai fazer o que? Usar a linha louca e espiritualista, dar um sorriso plácido e bobo, e evoluir para um abraço silencioso? Bancar o Michael Jackson? Ser mal-educado??? Não, porra. Você aperta a mão. E depois torce para que seu colega não passe a mão dele – agora toda infestada de seus vírus e bactérias – no rosto pelas próximas horas.

Se o cara aparecer gripado nos próximos dias, não tenha dúvida: o sentimento de culpa vai bater.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Medo de Palhaço

Àquela altura do domingo, a fome havia criado um buraco existencial em mim. Era mais um combinado de angústia e gula, uma necessidade de canalizar em mordidas e mastigação outras vontades guardadas e mal-reconhecidas. Tive o insight de que deveria comer algo leve, como um sanduíche quente com bastante folhagem e um suco de laranja. Pensei na lanchonete que aspira ser cool ao lado de minha casa. Saí. Na esquina, dei de cara com a sanduicheria fechada. Do outro lado da rua, os golden arches do Mc Donald's brilhavam em minha direção. Lembrei que há alguns meses havia decidido não mais comer do fruto do Palhaço, mas pensei também que pegar um daqueles menus light não era exatamente a mesma coisa. Sutil maneira de auto-ilusão. Uma vez tragado pelo magnetismo oleoso do fast-food, quem se salva? Entrei na loja. Comecei a olhar o cardápio minuciosamente, procurando alguma combinação mais saudável, meio barata e só aí me dei conta de que estava na selva. Garçonetes, caixas, uma horda de funcioários agitados gravitava em torno de mim no intuito de me empurrar para o frenesi calórico de uma Mc Refeição. Entre a insistência mal-disfarçada nas vozes amigáveis e o espocar visual de anúncios de ofertas, de novidades de verão, de delícias alucinantes, não conseguia saber - quanto mais enxergar - o que procurava. Acabei impelida a adquirir um Chicken Gourmet completo por R$ 15. Não era bem o que eu queria, não era o que tinha intenção de gastar, mas fui assim mesmo. Foi como ter eu mesma dentro de mim esmagada antes do grito.

Era sódio de sobra. Calorias a dar de pau - quase 700 somente no sanduíche. Gordura para abrir uma fábrica de sabonetes Tyler Durden. Uma desgraceira na bandeja. E eu lá, comendo, pensando, me arrependendo. Então me dei conta de que reformaram a Mc Donald's, agora tá com umas luminárias bonitinhas, cadeiras, mesas, um cenário que imita um restaurante em vez de uma empacotadora de comida mumificada em série. Quando isso aconteceu? Foi da noite pro dia? Seria possível fazer tudo aquilo num piscar de olhos? Havia passado ali tinha pouco tempo e não notei nada de diferente.

Comecei então a ficar com medo de perguntar. E se me dissessem que não tinha nada de diferente? Minha noção de tempo tinha ficado totalmente distorcida e eu olhava ao redor com desconfiança da verdade. Parecia uma bad trip novamente. Paranóia. Alucinação. Comi assustadoramente devagar, observando as pessoas. Quanta gente gorda se reúne ali. E eu no meio. Me dei conta de que teria vergonha se encontrasse alguém conhecido ali, enquanto eu chafurdava em comida ruim. Tentei me acalmar e saborear o sanduíche, as batatas. Tá no inferno, abraça o Capeta, né?

Fiquei ali comendo sozinha, lendo o informe sobre o sucesso da campanha do McDia Feliz que servia de jogo americano. Mordia, mastigava, pensava, olhava ao redor, deglutia. Foi assim sucessivamente, até eu sentir que estava cheia. Forcei um pouco até o final do sanduíche, mas deixei batatas e um pouco de refrigerante. Levantei. Enquanto fiz um movimento para contornar a cadeira, me voltar para a mesa e pegar minha bandeja, uma atendente já sorria encaixando minha cadeira no lugar e sem nem me dar a hipótese de tocar no meu próprio lixo. Um misto de presteza e expulsão que me fez imediatamente pensar na palavra "agressivo".

Antes de sair, passei no banheiro e vi que minha cara estava péssima. Restos de maquiagem nos olhos aprofundavam minhas olheiras e, não fosse eu gorda, pareceria uma vítima de heroína. Contemplei meu abdome inchado e disforme depois da refeição. Quase podia ver o contorno do Chicken Gourmet inteirinho na minha barriga. Voltei para casa me sentindo estranha, pesada e letárgica.

Como o Palhaço.

domingo, janeiro 20, 2008

Fragmentos

Vencida pelo verão e as críticas, comprei um novo celular. Sem conseguir cumprir uma promessa feita a mim mesma - de que só compraria o aparelho depois que a estação passasse - vi que Deus só recebe à vista, mas já o Diabo parecela em 10x sem juros no cartão. Então, comprei-o-o. Decidi que de agora em diante, enquanto estiver nos ônibus a caminho dos lugares o celular vai no bojo do sutiã. Desligado, é claro, para evitar combustão espontânea e outros acidentes ridículos do tipo, ou mesmo que o danado toque no meio de alguma ação criminosa. Já experimentei, olhei no espelho e realmente nem aparenta o truque. Num movimento discreto é possível guardar e tirar o bichinho de lá. C com um pouco de treino realmente ficará imperceptível, como quem ajusta uma alça. Recomendo.

***

Ao chegar em casa por volta das 6 da manhã e me pegar comendo um nhoque congelado requentado que, na real, era uma pasta gosmenta de batata misturada com queijo, devidamente acompanhada de coca zero, notei que havia algo de errado. Foi como se, por um instante, saísse do corpo para apreciar a cena, vendo naquela solidão algo de deprimente. Sim, eu estou cansada. Nem mesmo levar whisky na bolsa dentro de uma garrafinha de água mineral - outra prática de gosto duvidoso - torna este tipo de coisa divertida.

Chega uma hora em que é preciso dar um basta. (de preferência antes de ser abatido em combate na pista de dança com um pisão na unha do dedão e uma cotovelada na clavícula)
Voltei para casa com coisas estranhas grudadas no sapato. Medo de lavar.

***

Tenho um amigo bonito e muito divertido, que bebe na balada e faz a festa das mocréias. Me compraz ver sua inconsciente generosidade.

***

Há pessoas que arrecadam olhares, criam mitos de si mesmas sem esforço, deixam os outros como mariposas em torno de uma lâmpada. Quem sabe disso às vezes fica imune a este poder e nem acha tanta graça assim - ou por não achar graça, fica imune, Tostines. E de repente você presta atenção em determinados detalhes que só a luz das primeiras horas da manhã pode mostrar e se dá conta: é mesmo, têm razão.

***

Conto histórias numa tentativa desesperada de convencer a mim mesma de que em minha vida reside alguma emoção.

terça-feira, janeiro 15, 2008

Ai, janeiro...

Que mês é este? Estou me esfolando para ganhar fama e fortuna. Trabalhando em média umas...10h, 11h todos os dias, mais umas 2h30 de deslocamento de ônibus pela cidade. Nem fama, nem fortuna (esta, rá! bem menos) Ok, é um upgrade profissional, são coisas bonitas de botar no currículo - Coordenadora de Conteúdo e Editora interina - mas tá foda. Zero de família, amigos viraram tentações do cão e o verão em Salvador, aaaaah... Não que eu esteja atrás do verão típico-turista de praia, axé e festa de camisa, mas tempo de descanso, tempo de euforia e de aproveitar os amigos neoretirantes devia estar na constituição como direito universal.

Um suspiro, por favor. Voltei ontem à terapia - veja só, até meu terapeuta teve recesso! - e meu corpo todo está gritando coisas que eu finjo não entender. "Que todos os seus sonhos se realizem, exceto aqueles que você leva para análise", são os votos anuais entre um amigo meu e sua irmã.

Neste janeiro as coisas estão um pouco estranhas: dois trabalhos, dois convites de casamento (e eu descobri que cerimônias de casamento me deixam num estado, digamos, esquisito), um visitante querido e outro visitante ilustre. Sabe quem? Murphy. Esse mesmo, legislador do caos e azar universais. Veja só:

- justo quando passo mais tempo na rua, fico sem celular;
- justo quando mais preciso checar e-mails com velocidade, o Gmail (!!!) fica lento;
- justo quando mais preciso do telefone no trabalho, ele dá tilt;
- justo quando estou cheia de dívidas, sou roubada;
- justo quando todos estão de férias, estou trabalhando.

E esse negócio de qualidade de vida é uma falácia.

sábado, janeiro 12, 2008

O Sobrinho

Conhece o Sobrinho? O Sobrinho é o profissional de comunicação mais polivalente que há. É claro que você já ouviu falar do Sobrinho. É provável - se você é da área - que seu trabalho já tenha sido desbancado por ele, que você trabalhe com ele ou até mesmo tenha sempre à mão alguém como ele. Quem tem Sobrinho não se aperta.

O Sobrinho é capaz de cobrir todas as áreas da Comunicação Social e suas minúcias. O Sobrinho faz foto, website, design gráfico, redação, vídeo, locução, tudo o que você imaginar. Precisou de uma arte? Fale com o Sobrinho!

O Sobrinho é um sujeito tão genial, que prescinde formação. Ele é necessariamente auto-didata, aprendeu tudo por aí, com preciosas dicas auferidas através da navegação tutorial. Alfabetizado, dotado de dois olhos, duas mãos e um computador com internet dedicada, o Sobrinho pode ocupar absolutamente qualquer função de comunicação numa empresa, qualquer que seja o seu ramo de atividade.

Agora, sabe qual é mesmo a maior vantagem de trabalhar com o Sobrinho? O pagamento. Com um ou dois biscoitos Scooby você recompensa inúmeros e inigualáveis serviços prestados.

Torne-se um Sobrinho você também, antes que seja ejetado do mercado de trabalho por um deles.

Love is somewhere else

À medida que o tempo vai passando, vão se assentando na gente o que eram certos impulsos bélicos. Desse jeito, a argumentação se refina, cresce a sensibilidade a respeito de discussões vãs ou perdidas, vai-se embora a vontade do embate empedernido das palavras, cai um manto de discrição sobre algumas posições que, se não são extremamente necessárias de serem reveladas, não precisam causar mal-estar a ninguém.

Assim, decidi não mais declarar a descrença em certo tipo de amor, assumindo que a coisa é comigo mesmo e que, portanto, não acredito que ele possa florescer no meu quintal. Relaxe, nem se preocupe, no seu quintal pode. Seu casamento vai dar certo. Essa dor passa assim que vier outro amor. Calma, cada panela tem sua tampa. Sim, é claro que isso é uma prova que ele te ama.

Falar mal do amor ofende demais as pessoas. Já reparou? Se não e quer comprar uma briga, experimente. É pior que se declarar ateu, porque acreditar em deus ou não é uma questão filosófica e imprecisa demais para apostar as fichas em sua certeza. Mas o amor se vive na prática e faz vidas gravitarem em torno como um sistema solar. Até hoje lembro da professora de redação do 1º ano toda eriçada com minha declaração adolescente em plena sala de aula. Hoje não faço mais isso, aprendi a me comportar como uma mocinha. Não falo essas coisas por aí. Amenizei o discurso e só faço assim, cochichando baixo e entre amigos.

Enquanto todos bailam na festa e levantam brindes em direção ao anfitrião, eu, sozinha, fecho as portas atrás de mim, calço as mãos nos bolsos e caminho a esmo. Ninguém repara que saí. Quem é expulso do clube não faz diferença.

Como esta noite findará
E o sol então rebrilhará
Estou pensando em você
Onde estará o meu amor?
Será que vela como eu?
Será que chama como eu?
Será que pergunta por mim?
Onde estará o meu amor?
Se a voz da noite responder
Onde estou eu, onde está você
Estamos cá dentro de nós
Sós...
Onde estará o meu amor?
Se a voz da noite silenciar
Raio de sol vai me levar
Raio de sol vai lhe trazer
Onde estará o meu amor?
(Chico César)

segunda-feira, janeiro 07, 2008

De novo!

Depois dizem que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Hoje fui assaltada de novo e dessa vez tive 'menas' sorte - estava num ônibus com outras 12 pessoas, dentre as quais algumas nem sequer foram abordadas, e escolheram minha bolsa para carregar o fruto do roubo. Além de perder outro celular, pois minha mãe tinha emprestado o dela, levaram junto meus óculos de grau. E minha tarde de trabalho.

Como precisei pagar pelos óculos novos, decidi que vou passar uns tempos sem celular. Deixa pelo menos essa doideira de Carnaval passar, que agora a malandrage tá no serviço da colheita. E se eu vinha dando sorte todos esses anos - nunca havia sido assaltada, tendo escapado ilesa numas duas tentativas - agora me tornei parte da estatística das pessoas comuns.

Para você que me lê em Salvador, uma dica: saia na rua somente com o estritamente necessário. Dê um descanso ao seu mp3 player, à câmera digital, ao escapulário de ouro que sua avó lhe deu, ao swatch que seu primo rico trouxe de presente nas últimas férias... Não exagere na paranóia, mas é fato que estamos na colheita. É só não dar mole.

E se tiver o telefone de uma boa rezadeira, me chame. Como diria Irmã Dulce: tá foda!

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Adeus ano velho, (in)feliz celular novo

Eu ia fazer um post de balanço anual e se passaram 10 dias. Ia fazer um post de abertura de ano alto-astral e estou sem saco. Parto para narrativas cretinas e pensamentos pouco úteis que povoam minha mente quando o verão torna Salvador uma cidade aberta à orgia e à vadiagem, mas estou trabalhando e depauperada pós-natal.

Contextualizando

Aos 45 do segundo tempo do dia 31, roubaram meu celular. Meu fiel companheiro há uns 4 anos, que me acordava de manhã, me lembrava das coisas e irritava os outros com seu toque de cavalaria (isso mesmo, quando vocês me ligavam, acionavam o Guilherme Tell). Um bravo sobrevivente Nokia que precisava apenas de uma recarga de bateria por semana. Lindo, de tão econômico! Um aparelho-símbolo dos muquiranas e da pãoduragem em geral.

Neste roubo, várias ironias. A primeira delas é que o celular - um mequetrefe de pai e mãe - não era o alvo da façanha criminal. O alvo eram meus supostos dólares, que supostamente eu teria ido gastar na praia. Sim, porque no final de tarde de 2007, lá fui eu tomar um banho de mar pra recarregar as energias para 2008. E eu, em plena Amaralina, vizinha do Vale das Pedrinhas e do Nordeste, com este bronzeado de vela de beata que orgulhosamente ostento, jamais poderia ser nativa do verão da Baêa.

Fico imaginando qual não foi a raiva dos dois vagabundos que afanaram minha bolsa e deram uma carreira pela areia fofa da praia, subiram uma ladeira, para então descobrir que tinham suado isso tudo para levar um punhado de nicas, um pente, um vestido velho e um celular que não custa nem 100 reais. Ah, sim! E minhas chaves de casa.

Daí derivam pequenas dores de cabeça e alguns prejuízos que contornam o roubo, mas de maneira nenhuma vão para o bolso dos trombadinhas: avisar a todo mundo da perda e pedir os números de todo mundo de volta, troca de segredo da porta, taxa de recuperação do número do celular e, claro, um novo aparelho. Acho que vou ficar mesmo com a versão atualizada do meu velho Nokia, que é barato, mata a cobra e mostra o pau.

Eu, que suo meu rabo pra ter cada coisinha, só fico pensando no ódio que eu teria se me levassem um celular do balacobaco que eu ainda fosse passar meses pagando as prestações. Não quero canalizar esta energia trágica em ninguém, mesmo no zé mané filadaputa que por ventura me roubasse.

Agora a missão é passear no Salvador Shopping - o vencedor da categoria - calçando o sapatinho do orçamento nos celulares. Passei lá hoje pra resolver outras coisas e acabei nem vendo isso, porque shopping é um troço que me dispersa muito. Por exemplo: experimentei chapéus, descobrindo que não sei como enfiá-los direito na cabeça. Também tentei uma mini-saia dessas feitas só em tamanho pequeno pra intimidar não-anoréxicas.

Comidinhas

E por falar nisso, como as nossas medidas sempre são prejudicadas depois das festas de final de ano, tomei a decisão de só comer coisas caloricamente saborosas na companhia de amigos. Sem amigos à mesa, serei frugal. Pura falácia - comprei um sanduíche no Rei do Mate, que sempre emana aromas irresistíveis ao guloso pecador. É bem verdade q a proposta do sanduíche era light: um toast de peito de peru com queijo branco, tomate e orégano. Nham! E pela primeira vez na minha vida tive a surpresa do sanduíche real ser maior e mais bonito que o da foto no cartaz. Hoje o Rei do Mate subiu uns 5 pontos em meu conceito, apesar de ter esperado tempo pra caralho em pé, dentro de uma fornalha onde o ar-condicionado do shopping não alcançava. Apesar de ter recebido o sanduíche errado - o cara meteu queijo prato em vez do peru, dei três bocadas e devolvi, também tava gostoso. E apesar de ver os funcionários discutindo sobre isso, insinuando que o cara da cozinha é um miolo-mole. E apesar de saber que será para sempre um estabelecimento responsável pela calça nº40 não entrar.

Nota mental: este mês, se eu apenas for de casa pro trabalho e fizer o caminho contrário, gastarei R$ 180,00 de passagem.

Alguém aí repita, por favor:
FELIZ ANO NOVO!