quinta-feira, abril 24, 2008

alguém falou em blog fantasma?
só de pensar em escrever aqui, as luzes tremelicam em meu apartamento.

sábado, abril 12, 2008

Quando a vida é doce

Quinta feira fui a um show desses que é para ficar por séculos marcado na memória. Um momento antológico para um punhado de privilegiados. E aconteceu aqui, nessa antes árida soterópolis. 0-Açúcar-de-Chic0. Era este o nome do regalo. Três cantoras da nova safra local, gente talentosa e geniosa, mulheres de vozes e estilos muito diferentes reunidas no mesmo palco para cantar músicas do mais célebre compositor nacional, o patrimônio do cancioneiro brasileiro com seus olhos de esmeralda - Chico Buarque.

As três eram: Marie11a Santi4go, M@rci@_Castro e Manue1a_Rodrigues. Uma diva, uma malandra e uma brejeira. Mariella entrou no palco como se sua alma mal lhe coubesse no corpo e este, por sua vez, fosse grande demais para o palco. Em gestos largos e cheia de carisma, esparramou objetos, sorriu e encantou a platéia com sua voz suave e poderosa. Uma mariposa selvagem em show de ilusionismo para a platéia.

Márcia entrou com seu jeito moleque, figurino ligeiramente desconcertante por sua já marcada androginia, tinha todo(a)s nas mãos. Encarnou o espírito do jogo de cintura, com sorriso largo e arrebatou o palco mostrando que estava em casa. Manuela, por sua vez, era a menina-mulher dengosa, cheia de manha e charme, com timbre agudo e animado.

Em solos, duos e encontros triplos, as cantoras fizeram um dos mais bonitos momentos da música baiana que já vi. Apertada no teatro do (I)(C)(B)(A), uma platéia seduzida e encantada pelas letras de Chico e interpretações inspiradas das três.

O momento mais emocionante ficou nas mãos de Márcia Castro, interpretando Teresinha com uma verdade cênica cortante, tendo ao fundo a projeção de imagens de época (anos 70?) do cotidiano de prostitutas à beira da estrada. As transformações de cada verso eram registradas por Márci@ em seu rosto e sua voz, sem exageros de teatralidade, num espetáculo que transbordava de sentidos pela interação das linguagens - música, vídeo, corpo.

A direção artística do show, nas mãos de M-ar-condes_D0urad0, o papa das projeções, deu um banho. Lindíssima a composição com o sample de Abril_despedaçado em que as engrenagens de uma moenda rolam úmidas e douradas, criando uma textura dinâmica que embalava um dos trechos da performance.

0-Açúcar-de-Chic0 me deu a sensação de grande felicidade por estar no lugar certo na hora certa. Agradecia silenciosamente, com os olhos cintilantes, a oportunidade de estar ali presenciando aquela hora única.

Poucas vezes estive num espetáculo com uma proposta que resultasse tão evidente e, ao mesmo tempo, bela. Estava ali a temática - o açúcar, a cana, a cultura canavieira que está sendo analisada e debatida num simpósio que acontece aqui na Bahia - contemplada num casamento lúcido entre música, vídeo e performance das intérpretes. Êxtase estético. E olhe que agora os detalhes me escapam, está tudo registrado no fundo de meus olhos e no meu sangue, que corre mais fluido pelos vasos só de ter recebido essas emanações poéticas.

Quanto você pagaria para assistir a uma apresentação como esta? E como ficaria o seu queixo ao saber que foi gratuita? Felizmente, estava cheia e não deu para quem quis. Vimos uma platéia cheia e ávida. Ainda bem que as boas notícias se espalham.

Esta foi uma iniciativa do (I)(C)(B)(A) que contou com apoio do Govern0_do_Est4d0. Esse mesmo que tem gente por aí dizendo que não faz nada pela cultura.

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quinta-feira, abril 10, 2008

Rapidinhas de quem tá se esfolando no trabalho

Ano passado eu ganhei um "Foda-se!", mas ele veio com uma trava de segurança que nem sempre eu consigo desativar.

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Comer temaki é um assunto muito íntimo. Somente para compartilhar à mesa com amigos muito chegados ou com alguém com quem você já foi para a cama. Temaki definitivamente não é menu para um primeiro encontro.

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O papo mais estranho no banheiro: "Tava limpinho, né? Fui eu que acabei de usar. Dei descarga, baixei a tampa. Não é todo mundo que faz isso não, minha filha."

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Depois deste dia de trabalho insano, minha filha, você chega em casa e ainda tem um homem pra chamar de seu. E eu, que meu whisky acabou?

terça-feira, abril 01, 2008

Esse é o seu dia, Charlie Brown!

Acordo às 6h30 da manhã. Consulta marcada às 8h num lugar 100% contra-mão, agendada desde o dia 7 de março. Chego lá, nada de consulta. A médica, que me conhece de traz pra diante desde os dez anos de idade, não atende mais. Decidiu assim, deus lá sabe como. E ninguém me avisou porque meus números no cadastro estavam errados. Um era do celular -aqueeeeeeeele - roubado no começo do ano.

Voltei pra casa. Recebi a notícia de que não havia rede nem internet no trabalho, então resolvi dar um tempo, organizar minhas coisas, e ir lá mais tarde. Antes disso, tinha de ir na Graça levar o hd externo de um amigo. 60% contramão. Fui lá, mas esqueci os cabos em casa.

Volto para casa novamente (Rio Vermelho). No ônibus, encontro um amigo que não vejo há tempos. Lindo, como sempre. Me empolgo, fico conversando, olhos bem abertos, toda entretida com a beldade. Praticamente nem me dei conta de como paguei o ônibus. Na porta de casa, noto que esqueci de pegar o troco dos R$ 10. E também o telefone do moço.

Fico feliz que foi apenas uma grana. Eu tenho pra mim que algum dia ainda vou morrer atropelada por causa de homem bonito. Leva o baba. Agora eu tinha de sacar dinheiro para ir novamente de ônibus à Graça. Banco do Brasil, agora fazendo pagamento do Estado. Fila.

Finalmente entreguei os cabos e rumei para o trabalho. Sabia que desde de manhã estava sem rede nem internet, mas havia coisas que eu poderia fazer. Passei coisa de uma hora trabalhando. Faltou luz.

E desde ontem a PM ameaça entrar em greve.

Me recuso a perguntar como poderia ser pior.