sexta-feira, setembro 19, 2008

Feromônios e uma lâmpada incandescente

É tudo o que eu queria esta noite. Nas verdadeiras condições, me basta whiskey e a casa de um amigo. Confesso que, se estivesse mais confiante e menos bêbada (não que esteja muito), partiria para algum local. O post se inicia com a fala de uma mariposa.



Sou a primeira a dizer que saia de uma relação se ela não traz mais o conforto da felicidade. Velhos hábitos e paixões, na maioria das vezes, são coisas realmente difíceis de se arrancar. Só quem está de fora não percebe. Só quem está de dentro acha que é realmente impossível. O novo é sempre um abismo e uma ameaça, mas um desafio a perseguir.

Dói muito admitir reconhecer os signos, mas assumir a verdade é o bojo do começo de um novo caminho. Cada um sabe onde seu sapato aperta e nem sempre o melhor modelo é o mais adequado ao formato dos seus pés. Burrice é atender à promoção sem levar em conta o desconforto, porque as horas se passam em forma de bolhas descarnadas. Somente na própria pele é que a gente sabe quanto tempo leva para se formarem as cicatrizes. Seguir adiante também pode indicar um caminho espinhoso, a princípio, mas é sempre o melhor a fazer quando a outra opção é remoer o passado.

O que foi ficou está em outro tempo e, só depois do coma provocado por algum tipo de acidente, é que começam o presente e o futuro. Um brinde às cicatrizes! Elas falam: Viva as novas falhas. E os novos acertos.

Nesta noite, penso em Buenos Aires como uma amante voluptuosa. Estaria minha verdade nos seus braços? É a segunda (agora terceira) vez que menciono verdade entre estas palavras. O que persigo afinal? Buenos Aires e a confortável sensação de pertencimento em tantos anos...? Eu não falo como os outros daqui. Não me mexo como eles. Meu humor, meu sorriso é diferente. Até a pintura na minha pele. Imerso numa realidade, o sujeito não faz idéia de que em outro cenário pode haver outra noção de ser-felicidade. Será?

A batalha do momento é remover uma mancha. Onde? Prefiro ocultar e usar o alvejante sozinha. A partir do instante em que determinados amores deixam de funcionar, é preciso ver onde e como estancar as feridas. Expurgar o veneno e, muitas vezes, rumar em outra direção. Remendar não adianta. É conserto malfeito que esgarça e mostra a pele desnuda e frágil, a face mais pálida, aquela que a gente faz questão de guardar. Exposição, somente depois de baterias de confiabilidade. Pele frágil, de pouca melanina e sem calos. Pele nua, nua, nua.

Resolvi. Abrir mão é o começo de agarrar novidades. Às vezes só tira do conforto, noutras, o pedaço. Um dia a gente é rejeitado. Em outros, rejeição. Faz parte de um álbum de figuras plurais, em que temos o benefício de assumir diferentes papéis. São Jorge e Dragão.

Hoje, eu sou a Lua.

2 Comments:

At 12:18 PM, Anonymous Anônimo said...

(...)

 
At 6:55 AM, Anonymous Anaclara said...

Uau!

 

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