sábado, fevereiro 09, 2008

Insônia Pós-Carnaval

Como dizia minha vózinha, meu organismo é um alfenim. Os antigos, aliás, tinham expressões ótimas, que criam imagens maravilhosas, como "virou arcanfor", que significa evaporou, desapareceu.

Mas eu ia falar do equilíbrio delicado do meu organismo. Depois de passar seis dias trocando noite e dia, quem disse que meu sono volta ao normal? Mesmo tendo que acordar às 7, 8 da manhã, não consigo dormir antes das 2h. É claro que isso me leva a completar alguns minutos de sono dentro do ônibus - modalidade de cochilo, aliás, na qual estou me tornando mestre. Nunca perdi um ponto!

Dá por volta das 23h, começo a pensar em dormir. O primeiro dia foi um inferno, juntando a falta de sono com o calor infernal que faz com que nem a velocidade máxima do ventilador de teto no meu quarto dê jeito. Aí peguei um livro - Noites Sem Fim, Neil Gaiman - avancei até quase a metade. Tudo bem que são quadrinhos, mas eu esperava ler parte de uma história, não três de vez. Vi que não funcionou, então fui para a sala. Cyrano de Bergerác no dvd, já por volta das 2h da manhã. Finalmente, com aquelas falas rápidas e complexas, o cérebro pediu arrego e comecei a cochilar - mas também já tinham se passado quase 40 minutos de filme.

No segundo dia, fenômeno parecido. O lado bom disso é que esta insônia está sendo produtiva. Além da leitura, de-gelei minha geladeira. Uso a bicha faz mais de um ano e nunca tinha degelado 100%, só usava aquele famigerado "degelo seco" e mesmo assim, de uns tempos pra cá, larguei ele de mão. O congelador já parecia uma calota polar. Não imaginei que demoraria tanto para tudo aquilo derreter - o aquecimento global deve estar operando mais rápido sobre as geleiras da terra. Era por volta de 1h da manhã, lá fora todas as janelas apagadas. O condomínio era uma rara escuridão e eu fazendo barulho na cozinha. Às vezes eu realmente me sinto estranha.

Ontem pensei de regularizar o sono. Sexta-feira deveria ser low-profile. Fui ao teatro ver um espetáculo de dança que poderia ter sido disparado do Enola Gay. Apenas meia-hora de duração e eu dei umas cochiladas. "Oba!Hoje eu durmo cedo...", imaginei. Só que as coisas não são tão simples assim e eu envergo facilmente às tentações. Então, chegando em casa, entrei na internet e encontrei amigos online. Falamos das coisas que estão em cartaz no cinema e... acabei pegando uma sessão de 0:20 de Sweeney Todd, o novo do Tim Burton.

Uma rapidinha sobre o filme

O trio Tim Burton, Johnny Depp e Helena Bonham-Carter simplesmente bota para foder. Sempre. Não sei onde estava com a cabeça quando imaginei que fosse um filme sangrento, porém leve e engraçado. Nada disso, a história é barra-pesada, apesar do alto grau de ironia. As partes musicais são devidamente dramáticas e é difícil imaginar que haja alguma outra "ópera cinematográfica" tão sombria quanto esta. A marca do estilo Burton está lá, mas desta vez sem o subtexto do bizarro-bonzinho. Na verdade, rola um melodrama, com o barbeiro com sede de vingança, sua nova amiga cega de paixão por ele e os algozes de posse de sua filha, única remanescência de sua vida inocente e que foi esfacelada.

Em entrevistas anteriores ao lançamento do filme, Burton falava da estética do sangue que jorra em filmes B, vermelho-vivo e irreal. Ele vai fundo nessa história e os esguichos poderiam tinturar roupas de toda Londres.

A fotografia gótica, que beira o preto-e-branco, também está lá. Curioso notar que, nessas cenas, as mínimas referências a algo mais colorido evocam tons de sangue, como marrons e avermelhados. E Tim Burton mostra que não é somente com a atmosfera doom que ele sabe brincar. Nas cenas em que Mrs. Lovett imagina um lindo futuro ao lado de seu querido barbeiro, a tela explode em cores felizes, invertendo completamente a lógica de que nós sonhamos em PB.

Lindo e cruel.

2 Comments:

At 10:34 PM, Anonymous Anônimo said...

no meio do carnaval, coloquei a transmissao ao vivo do terra no volume maximo..deu 1seg e comeco a ouvir murros na parede..era o vizinho..
imagine se a sra. morasse aqui no predio? te despejariam! klkkkkkk

 
At 10:23 AM, Blogger Bobbie Ladyamnesia said...

um mal que não sofro, essa tal de insônia. qualquer coisa me dá sono, poucas conseguem tirá-lo, e mesmo essas, na companhia de qualquer canforado, rendem-se aos reinos do morfeu. são as bençãos de ter pressão baixa...

quanto a sweeney todd, gostei bem pouquinho. embora eu goste de musicais e que a história seja orginalmente um musical, p'ra mim, não combinou nadinha. era chato, mas era tim burton e jhonny depp. aquela cena do garotinho emo cantando pra boneca blythe, presa no alto da torre, é de dar engulhos. gostei mesmo de duas cenas: quando eles resolvem cozinhar as pessoas e a do lindo futuro na praia.

XXXXOOOO

ps.: tente salompas nos músculos cansados antes de dormir...

 

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