domingo, janeiro 20, 2008

Fragmentos

Vencida pelo verão e as críticas, comprei um novo celular. Sem conseguir cumprir uma promessa feita a mim mesma - de que só compraria o aparelho depois que a estação passasse - vi que Deus só recebe à vista, mas já o Diabo parecela em 10x sem juros no cartão. Então, comprei-o-o. Decidi que de agora em diante, enquanto estiver nos ônibus a caminho dos lugares o celular vai no bojo do sutiã. Desligado, é claro, para evitar combustão espontânea e outros acidentes ridículos do tipo, ou mesmo que o danado toque no meio de alguma ação criminosa. Já experimentei, olhei no espelho e realmente nem aparenta o truque. Num movimento discreto é possível guardar e tirar o bichinho de lá. C com um pouco de treino realmente ficará imperceptível, como quem ajusta uma alça. Recomendo.

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Ao chegar em casa por volta das 6 da manhã e me pegar comendo um nhoque congelado requentado que, na real, era uma pasta gosmenta de batata misturada com queijo, devidamente acompanhada de coca zero, notei que havia algo de errado. Foi como se, por um instante, saísse do corpo para apreciar a cena, vendo naquela solidão algo de deprimente. Sim, eu estou cansada. Nem mesmo levar whisky na bolsa dentro de uma garrafinha de água mineral - outra prática de gosto duvidoso - torna este tipo de coisa divertida.

Chega uma hora em que é preciso dar um basta. (de preferência antes de ser abatido em combate na pista de dança com um pisão na unha do dedão e uma cotovelada na clavícula)
Voltei para casa com coisas estranhas grudadas no sapato. Medo de lavar.

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Tenho um amigo bonito e muito divertido, que bebe na balada e faz a festa das mocréias. Me compraz ver sua inconsciente generosidade.

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Há pessoas que arrecadam olhares, criam mitos de si mesmas sem esforço, deixam os outros como mariposas em torno de uma lâmpada. Quem sabe disso às vezes fica imune a este poder e nem acha tanta graça assim - ou por não achar graça, fica imune, Tostines. E de repente você presta atenção em determinados detalhes que só a luz das primeiras horas da manhã pode mostrar e se dá conta: é mesmo, têm razão.

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Conto histórias numa tentativa desesperada de convencer a mim mesma de que em minha vida reside alguma emoção.

1 Comments:

At 12:09 PM, Blogger Bobbie Ladyamnesia said...

bem...
meu celular é das antigas. modelo grande, sabe?
já meu sutiã... vai ficar estranho, sabe?

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eu tenho medo de festas.
gente estranha muito perto.
luz apagada ou piscando epileticamente.
gente oi-tudo-bem.

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eu odeio bêbados... mas adoro os que perdem a dignidade total!

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eu sou invisível

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eu passei da fase de desejar exageros [paixões ardentes, festa até desmaiar, viver para sempre...]. meus acontecimentos são agora muito pequenos, muito delicados, mas tão mais saborosos...

XXXOOO

 

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