domingo, novembro 18, 2007

Música!

Toda manhã, quem toma café comigo é a MTV. Pelo horário, em geral está sendo exibido o Lab, que é uma programação aparentemente aleatória de clipes e cuja qualidade depende do gosto de quem os está selecionando lá nos bastidores. A coisa é tão louca, que pode haver sequências maravilhosas de músicas dos anos 80 e 90, com artistas alternativos sensacionais, mas de repente degringolar para as combinações bizarras de rap e música pop que se espalham feito praga nas paradas norte-americanas nos últimos anos. Pois bem, MTVLab é minha família faz um ano, na minha TV chuviscada, que me deixa sem saber os títulos de boa parte das músicas ou na fissura de ir ao Google descobrir qual a banda desconhecida a partir de algum trecho da letra da música.

Ira!

Na última semana vi duas ou três vezes este clipe (novo?) do Ira!, que achei simplesmente uma fofura. Não sou fã da banda, mas confesso que tenho grande apreço por eles, principalmente por terem a fera do Scandurra a seu serviço. Para falar a verdade, sempre que páro para pensar, gosto de muitas coisas que eles fazem, apesar de reconhecer que é uma dessas bandas que estão num limbo estranho que mistura talento, mainstream e exumação de sucessos.

Neste clipe, Mariana foi pro Mar, o Ira! - cujo vocalista Nasi nos últimos anos meteu na cabeça que é Wolverine - assume uma estética surpreendente feminina. A música conta a história de Mariana, uma moça que vai da depressão ao litoral, numa simpática história de superação da dor-de-corno. A letra é engraçadinha, o arranjo fofo e o clipe também é uma graça, com uma atmosfera romântica retrô, com uma pitada de sonho - em alguma medida nos faz lembrar de Amélie Poulain. É protagonizado por uma garota de vestido vermelho de bolinhas, e conta até com um cachorro em animação, fiel escudeiro e salvador da pobre Mariana.

Achei sensacional o fato de os mesmos caras que têm uma música chamada Entre seus rins - que conta com o seguinte trecho: Me deu o dedo / Eu quis o braço e muito mais / Agora estou a fim /De ficar entre os seus rins - cantarem uma música de "menininha", que ficaria excelente na voz de Fernanda Takai (leia-se Pato Fu) ou de Érica Martins (Penélope). Veja só:




My Chemical Romance

Final de semana as coisas mudam um pouco e, ao acordar mais tarde, acabo vendo outros programas. Foi assim que acabei de assistir ao MTV+ que dessa vez destrinchava o My Chemical Romance. Eles fazem um pequeno documentário revelando a banda através de trechos de shows, videoclipes, entrevistas e muita informação biográfica. É bom pra caralho! Se você gosta da banda, ótimo, se não gosta, também vale pela curiosidade.

Assim, acabei ficando superafim de conhecer mais desta banda, que pelos clipes me parecia pretensiosa e patética - talvez seja mesmo, até porque, ao longo do programa me vi absolutamente confusa entre eles e o Good Charlote, lembrando ainda o Panic! At the Disco.

O Leo Madeira, apresentador do programa, contava que a banda nasceu a partir da tragédia do 11/09, combinada com uma depressão que vai e vem na linda cabecinha do vocalista Gerard Way, tem influência de bandas como Cure e Smiths (duas das minhas paixões, então apontadas como "os pais do emo"), mas também do Misfits e do Iron Maiden (hein!?). Entre um trecho de clipe e outro, com uma piada aqui e outra ali - o cara falou que a falecida avó do vocalista ensinou-o a cantar e tocar um instrumento lá, e que talvez também o tenha ensinado a usar maquiagem - mostrou uma banda que tem uma imensa preocupação estética, trabalha com conceitos sólidos, tendo álbuns que constroem narrativas ficcionais completas e sombrias, além de muita grana pra executar todas essas paradas. Ah! Eles têm também uma relação muito forte com artes dramáticas e visuais, como histórias em quadrinhos. UUUUUUUUh!

Na real, apesar da curiosidade, ainda acho que algo nos clipes soa fake e a interpretação over do vocalista na tela é meio ridícula. Vai ver é porque eu não acredito que alguém tão bonito, com tanto dinheiro, em Nova York possa ter depressão e transformá-la num Moulin Rouge gótico. Mas eu juro que vou chegar mais perto para ver direito colé.

Confira o clipe de Welcome to The Black Parade, música que dá título ao álbum que conta a história de um cara de uns 30 anos à beira da morte por câncer, que revê sua própria vida cheio de arrependimento. Isso mesmo: deeeeeeeeeeeeeeeeenso!