segunda-feira, novembro 05, 2007

Sair do verde

Pensei em responder à provocação, mas estaria fazendo uma outra provocação. Para que? Para onde? Opto agora por rumar em direção aos braços do desconhecido. Com ele irei assistir ao pôr-do-sol na Baía, matar a saudade do sexo na sala diante da MTV, rejuvenescer mil dias com seus anos a menos e esquecer dos cabelos brancos que me despontam lenta e ardilosamente - tenho certeza de que um dia serei surpreendida pela neve no meu espelho, mas até lá minhas rugas de expressão revelarão sorrisos. Verbo é vida, mas às vezes cansa. Letras às vezes são emoções que se perdem em palavras camufladas, lá fora na varanda o tempo dilatado é receptáculo do exercício da ojeriza. Desde que me reformei, sou abertamente dada a novidades - dia desses, cheguei a comer um crepe de cordeiro com purê de mandioquinha e calda de frutas vermelhas, o que prova que nem sempre o novo é um caminho correto. Tenho certa desconfiança do habitual, porque pode esconder acomodação e receio. Ainda assim, animal de patas largas que sou, procuro firmeza no horizonte, chão onde eu possa construir minha própria casa de certezas. Naquelas mãos, impossível. Por isso sigo, contrariando meu signo conservador, entro no jogo do cabo-de-guerra entre as incertezas e uma nova segurança, e tudo é desculpa para brincar de cabra-cega com Felicidade. Afinal de contas, a vida é toda de brincadeiras de criança.