domingo, setembro 17, 2006

O tabuleiro do Banco Imobiliário

Eis que estou aqui andando com meu peão sobre muitos daqueles lugares dos retângulos coloridos. Brigadeiro Faria Lima. Av. Rebouças. Brooklin. Av. Paulista... Todos me perguntam eufóricos se eu já amei e eu acho difícil dizer isso de cara. Lembro do horizonte marrom da minha primeira manhã aqui e do incômodo no nariz e na garganta, que normalmente não sinto. Difícil ler e entender a gramática da cidade. Muita gente. Muitos prédios. Muitíssimos carros. Muita beleza. Muitos estilos. Muita in-for-ma-ção. Muito rápido. Em poucos dias entrei no frenesi da luta contra o tempo, cronômetro devorado dentro de ônibus, a vida consumida no congestionamento. Precisa ser tudo ao mesmo tempo agora para aproveitar a chance. Pouco sono, muito o que ver e o que fazer. Clima que muda de humor como um deus caprichoso. Ipês floridos derramam flores em minha bebida - estou aprendendo a viver de campari com energético for free. Uma árvore de 13 troncos me impressiona no Ibirapuera, que me impressiona com seus variados verdes depositado entre ruas, automóveis e gigantes de concreto. Amigos em todos os lugares, canais de delícias embriagados com a cidade louca. Surpreendentes paulistanos simpáticos capazes de dar trela ali do banco ao lado. Sonhos e vontades correndo que nem formiga por aqui e ali na babel de sotaques brasileiros. Todo mundo é de fora e já se fez de dentro. Abraço não muito fácil, mas amplo como um sombreiro de mãe. O que me faz lembrar: acarajé que dá calafrios só de olhar na Liberdade. Para ver, muito. Espontaneamente e guardado em galerias. Arte em movimento como as pessoas, que se fazem arteiras para não enlouquecerem, enquanto caminham pelas bolhas de ipod nas calçadas das maiores avenidas. Engarrafamento às 4:30 da manhã, é assim que fazem os que vão se divertir. Doidos, todos voltamos para casa satisfeitos por perambularmos tranquilamente entre os nossos. Grandes nomes aparecem no universo faiscando fama e glamour. A nós, resta adorá-los e amamos adorá-los. Amamos ter ao alcance poder adorá-los. Olhares a procura de companhia e meu cabelo sujo de dormir três dias pelas casas mais perto de onde passei. A máfia baiana é importante para ter carinho por aqui, porque todo mundo conhece de perto a depressão e seu melhor comprimido de abraço. Ou psicoativo. Meus pés ainda irão caminhar certos, quando a compreensão fizer o susto dar lugar a um certo fascínio de admiração. Ainda não amei. Em meu coração, este é um sentimento artesanal. Precisa de uma calma do oriente.

Isto é um barroco pós-moderno. Texturas e detalhes se sobrepõe. Somente o cuidado pode ser revelador. Tiro véu por véu de minha noiva, até que um beijo chega trazendo o fade-in que insinua o final feliz.

4 Comments:

At 7:50 AM, Anonymous Anônimo said...

Uua, Jubis, mas que isso já uma declaração de amor, é. E das mais lindas.

 
At 7:50 AM, Anonymous Anônimo said...

ah, sim, era eu.

beijos saudosos,

Vega

 
At 6:21 AM, Anonymous Anônimo said...

Ei Jú, já voltou ou ainda está na Terra da Garoa?

 
At 1:07 PM, Blogger Bobbie Ladyamnesia said...

Eu não consegui amar São Paulo. Sequer gostar de lá.
Talvez por estar em péssima companhia.
Talvez por não ter dinheiro para gastar.
São Paulo p'ra mim é um grande shopping center. Um lugar de deslumbramento fugaz.

Um dia pretendo ir bem acompanhada [inclusive financeiramente] e, talvez, descobrir um novo lugar.

Mas tenho muitas dúvidas se algum sentimento acolhedor tomará conta de mim.

XXXOOO

 

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