Terrível
Entrei no elevador e dei boa tarde a uma mulher e uma garotinha que já estavam lá dentro. A porta de madeira se fechou atrás de mim e, logo em seguida, a porta da cabine propriamente dita. Nesse momento, a garotinha, com olhos grandes e certa perplexidade comentou: "Quando isso acontece é terrível!". Terrível, uma palavra forte e dramática demais para aquela pequena, que deveria ter entre 6 e 10 anos - não me recuso a arriscar, porque além de ser péssima para avaliar a idade dos outros, o vocabulário das crianças está cada vez mais enganador.
"Por que é terrível, filha?" A menina falou um monte de coisas meio confusas para esticar seu terrível tão preciso e revelador, numa sequência de explicações ligeiramente desparatadas, querendo rapidamente dar conta de alguma constatação trágica. "Ah, então você estava querendo dizer que essa porta é perigosa, não é isso?", a mãe tratou de dissolver e logo aplicar uma lição para a vida toda, talvez acrescentar um novo conceito à imaginação da guria. Ela se conformou e acabou concordando, abriu mão do seu poderoso terrível.
Nessa hora, pensei em lhe dizer que um menino já havia perdido a cabeça do dedo no fechar daquela porta - e é pura verdade! - mas acabei desistindo. Talvez isso criasse uma cumplicidade entre a criança e eu. Aí sim seria terrível.
3 Comments:
medo de você, jotapê.
medo ainda mais da guria terrível.
Meu link está errado, Senhora Terrível... Você perguntou, eu respondo. Kisses.
é, os dedos são importantes, imagina amente da guria se vendo sem dedo.... seria terrível.
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