sábado, agosto 26, 2006

Terrível

Entrei no elevador e dei boa tarde a uma mulher e uma garotinha que já estavam lá dentro. A porta de madeira se fechou atrás de mim e, logo em seguida, a porta da cabine propriamente dita. Nesse momento, a garotinha, com olhos grandes e certa perplexidade comentou: "Quando isso acontece é terrível!". Terrível, uma palavra forte e dramática demais para aquela pequena, que deveria ter entre 6 e 10 anos - não me recuso a arriscar, porque além de ser péssima para avaliar a idade dos outros, o vocabulário das crianças está cada vez mais enganador.

"Por que é terrível, filha?" A menina falou um monte de coisas meio confusas para esticar seu terrível tão preciso e revelador, numa sequência de explicações ligeiramente desparatadas, querendo rapidamente dar conta de alguma constatação trágica. "Ah, então você estava querendo dizer que essa porta é perigosa, não é isso?", a mãe tratou de dissolver e logo aplicar uma lição para a vida toda, talvez acrescentar um novo conceito à imaginação da guria. Ela se conformou e acabou concordando, abriu mão do seu poderoso terrível.

Nessa hora, pensei em lhe dizer que um menino já havia perdido a cabeça do dedo no fechar daquela porta - e é pura verdade! - mas acabei desistindo. Talvez isso criasse uma cumplicidade entre a criança e eu. Aí sim seria terrível.

3 Comments:

At 2:19 PM, Anonymous Anônimo said...

medo de você, jotapê.
medo ainda mais da guria terrível.

 
At 2:12 PM, Blogger Hebert said...

Meu link está errado, Senhora Terrível... Você perguntou, eu respondo. Kisses.

 
At 4:36 PM, Anonymous Anônimo said...

é, os dedos são importantes, imagina amente da guria se vendo sem dedo.... seria terrível.

 

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