terça-feira, agosto 22, 2006

Ei, olha só o que eu achei

Acordei num desses domingos de ressaca e lá estavam eles: multi-coloridos e pan-sexuais, um grupo de cavalos-marinhos habitava o chão do meu banheiro. Ainda meio tonta, nem cheguei a me dar conta do surpreendente. Fui abaixando as calcinhas e sentando no vaso entre nauseada e sonolenta, observando os bichinhos mágicos. Eram uns 5 ou 7 se contorcendo no chão, mas quando se deram conta da minha entrada, subiram pelo ar em minha direção. As asinhas - eu sei que são nadadeiras, mas se eles pairavam no ar, eram asas, tão velozes quanto as de um beija-flor - zumbindo e eles girando ao meu redor com os olhinhos miúdos, ao mesmo tempo enormes para as suas cabeças, a me vasculhar inteira num acesso de curiosidade invasiva que somente os animais e a tv sabem ter.

A essa altura eu já nem prestava mais atenção ao barulho da urina fluindo para dentro da privada. Estava fascinada pelos cavalos-marinhos, tanto quanto eles estavam por mim. E logo começaram a me dar beijinhos, um de cada vez, se alternando com aqueles biquinhos gelados. Fazia cócegas e eu, como uma criança, ria. Comecei a rir cada vez mais alto e os cavalos marinhos a girar cada vez mais rápido. Até que eu caí para o lado sem defesa, a calcinha embaraçada nas pernas, o crânio direto no chão. Ainda estava rindo quando observei a poça encarnada que tingia o mármore cor-de-nuvem.

"Minha filha, você está bem?"

Sim, querida. Estou. Os cavalos-marinhos agora bebiam o meu sangue feito unicórnios em um desses vales encantados de fantasia medieval. Serenos, as asas nem pareciam zumbir. Mãe, e esses cavalos-marinhos?

"Ah, você gostou? Comprei ontem num ambulante. Trouxe pra você decorar seu apartamento. Eles não são uma graça?"

1 Comments:

At 1:53 PM, Blogger Hebert said...

Uou! Esse era dos bons! Eu querooo!

 

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