terça-feira, setembro 09, 2008

da moça que trabalha

Com os lábios sujos de manteiga, pensa no desconhecido com olhos de cão dócil e nariz de marzipan no ponto de ônibus. Palpitações febris de manhã cedo fervem na expectativa de uma quebra no horizonte de possibilidades concretas onde, na verdade, suas esperanças se dissipam. À noite, é aquecida por lembranças e memórias inventadas com fragmentos de corpos e ilusões. Às vésperas do sono, palavras sem-vergonha e cheiros recriados com as tintas secas das vontades trafegam em sinapses entorpecidas de labor. O êxtase então se converte num cigarro sob a chuva torrencial, que arrasta em suas vagas os deleites para longe.