Diário da Capital-Província
Abro os olhos e todo dia é tomado de um amarelo-enjôo que me dói o corpo inteiro só de pensar na rotina. A cidade entediada formiga debaixo dos meus pés e cada manhã é igual à outra em burrice e preguiça. Os ônibus levam as pessoas para os mesmos lugares, com seu cheiro de roupa suja e cabelos mal lavados. Cada indivíduo conformado com sua sina de labuta me dá ânsias de morrer antes de ser absorvida por essa lógica. Comentei outro dia com uma amiga que certos lugares parecem ser uma morte em vida. Essa cidade de asfalto solúvel e sorrisos forjados a chibatadas de propaganda turística se parece cada vez mais com um desses sepulcros animados. Não ter direito à melancolia também é uma forma de opressão. Ele é somente um entre tantos direitos que não se tem por aqui.
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