Buenos Aires
vinho. meu companheiro de viagem diz que estou obcecada por isso. "mas eu nunca tomei um bom vinho em minha vida", contrargumentei. bebi pouco até entao, somente uma meia garrafa. saboroso, a onda é ainda mais gostosa no frio. orelhas e cabeça quentes para continuar pensando.
estou me sentindo bem em casa, na verdade. acho que entendi um pouco da sensaçao de pertencimento de quem se entrega `as grandes metropoles. o teclado desconfigurado eh o que mais me incomoda. mas o frio, o modo como o espaço eh organizado, os meios de transporte, a disponibilidade das novidades. poderia morar aqui, numa boa. ateh o aspecto de portugues engraçado da lingua castellana me apraz (sem preconceito, adoro o som do idioma, mas realmente parece nossa lingua nativa em tom surreal).
estou feliz. uma turista um tanto fascinada, mas sem perder o senso critico para enxergar o lixo nas ruas e as paredes pichadas (que tambem dao uma sensasao de que ha algo fora do lugar e o povo sabe disso). integro–me a cidade como se a conhecesse ha seculos e redescobrisse a paixao a cada dia. uma mae sem excessivos apegos. uma amante generosa. uma companheira juvenil.
sentirei saudades e vontade de mudar minhas coisas. preciso ter outros objetivos na vida e um deles talvez seja mudar para uma cidade com ar–condicionado central.
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